Já tinha sentido o desejo de ser Mãe antes, mas eu e o meu marido decidimos começar a tentar em 2010, eu com 31 anos, há sensivelmente 10 anos atrás. Importante referir que foi uma decisão conjunta, tema que abordarei em outro artigo.
No primeiro e segundo ano de tentativas, apesar da ansiedade de receber a qualquer momento a boa nova, não fiquei preocupada pelas tentativas mal sucedidas, mas a partir do terceiro ano, comecei a questionar-me sobre as possíveis causas do insucesso.
Resolvi partilhar essa preocupação com a minha ginecologista que, ao conhecer o meu histórico clínico, tentou tranquilizar-me, afirmando que estava tudo bem. Acrescentou que podia demorar algum tempo até conseguir, e que podia dever-se a vários fatores: stress quotidiano; ansiedade; a toma da pílula por vários anos, a idade que também já não permitia que fosse tão rápida a conceção porque apesar de 33 anos ainda ser uma idade jovem, é conhecido e provado que a fertilidade feminina vai diminuindo à medida que a idade avança (a partir dos 35 anos, a capacidade reprodutiva da Mulher diminui muito significativamente, pela redução do número de óvulos e sua qualidade), entre outros.
Estive mais um ano à espera e continuava sem resultados. A meu pedido, a minha ginecologista prescreveu-me alguns exames clínicos, encaminhando-me para o Serviço de Reprodução Humana do Hospital Universitário de Coimbra. Segundo a médica, nesse hospital realizam tratamentos mais complexos e de alta tecnologia se fossem necessários, ao contrário do Hospital de Aveiro, onde apenas fazem diagnósticos de causas de infertilidade e tratamentos simples.
A minha médica estava confiante que não haveria nenhuma causa física, mas porque eu já estaria (agora) na casa dos 35 anos, o limite da idade favorável para a conceção, achou que fazia sentido dar-nos “um empurrão” para acelerar o processo, pois começava a ser uma corrida contra o tempo. Eu e o meu marido, não hesitámos muito, pois o desejo de sermos pais aumentava a cada dia e já estávamos à espera há mais tempo do que imaginávamos e desejávamos. Desta forma, eu também poderia tirar a dúvida da existência de causas físicas.
Iniciei o processo no Serviço de Reprodução Humana de Coimbra (Hospital Universitário de Coimbra) em 2013 e fiz todos os exames necessários. Há um em particular que jamais me esquecerei, de nome complexo histerossalpingografia, exame ginecológico de raio-X ao útero e às trompas, feito com contraste e serve para verificar a permeabilidade das trompas de falópio. A substância que permite o contraste provoca contrações no útero e por sua vez, muitas dores. Não quero assustar ninguém, mas também não vou mentir, é muito custoso de fazer. No entanto, não duvido que qualquer Mulher que deseja ter filhos como eu desejava, jamais deixará de tentar alcançar esse sonho por causa das dificuldades que enfrentará neste processo, sendo importante ressalvar que há limites físicos e emocionais, e é fundamental que cada uma reconheça os seus. Falarei mais à frente sobre este assunto.
Feito esse exame, fiz inúmeras e variadas análises, ecocardiograma, e vários exames ginecológicos. Felizmente não me foi detetada qualquer causa que levasse à infertilidade ou impedimento para engravidar. O meu marido, também passou por um processo complexo de diagnóstico, tendo sido submetido a vários exames, nomeadamente espermogramas, e os resultados eram sempre bons, nenhum problema foi detetado, aliás, os médicos até brincavam dizendo que ele tinha espermatozoides muito ágeis e vigorosos. É importante referir que, a recolha de esperma é também em si, um procedimento um pouco constrangedor para o homem, mais ainda nas condições oferecidas pelo hospital público porque se resume a um wc com poucas ou nenhumas condições, ou seja, características muito pouco apelativas. Em suma: o facto de eu não estar a conseguir engravidar era de causa desconhecida porque felizmente não havia qualquer “problema” connosco. Por um lado, ficámos contentes, por outro inseguros e receosos, porque segundo os médicos, estes casos são mais difíceis por vezes de solucionar, pois não sendo detetada uma causa de infertilidade, é difícil escolher o tratamento específico mais adequado, ao contrário dos casos em que é identificada uma causa. No nosso caso, o procedimento adotado foi sermos “testados” com alguns tratamentos até alcançarmos o objetivo.
Antes de avançar, acho importante esclarecer a diferença entre infertilidade e esterilidade, pois há muita tendência a confundir os dois conceitos, e até conceber ideias erradas sobre os dois.
A infertilidade é a dificuldade em engravidar (era o meu caso) e a esterilidade é a incapacidade de engravidar.
Segundo os clínicos, há muitas infertilidades de causas desconhecidas e momentâneas, era o que nos estava a acontecer, e como o período de espera poderia ser longo, resolvemos seguir o conselho médico.
Cada caso é um caso e pode não haver uma receita infalível. Hoje, felizmente, o leque de tratamentos é variado e os avanços na ciência permitem tratar a maioria dos casos de infertilidade. O tratamento vai sempre depender da causa e poderá incluir, por exemplo, medicamentos, inseminação artificial, cirurgia, reprodução assistida ou uma combinação de várias técnicas. O tratamento pode incidir na correção das causas ou, quando tal não é possível, no recurso a técnicas de reprodução medicamente assistida, que permitem resolver outros casos. São inúmeros os tipos de tratamentos destinados a tratar situações de infertilidade. Os mais comuns em Portugal são: Inseminação Artificial; Fertilização In Vitro (FIV); Injeção intracitoplasmática (ICSI); Doação de Óvulos; Inseminação Intrauterina (IIU) e Estimulação Ovárica.
No meu caso, começámos pelo método mais simples, a via medicamentosa oral, mas como eu esperava, pois esse tratamento costuma ser mais bem sucedido nos casos em que as Mulheres não ovulam ou têm dificuldade em ovular, não resultou comigo. Esse tratamento consiste na indução da ovulação, promovendo a formação duma maior quantidade de óvulos e de melhor qualidade. Eu tinha a perfeita noção que ovulava todos os meses, tinha prova clínica (pelas inúmeras ecografias que fiz), para além de serem ovulações sintomáticas, eu conseguia e ainda hoje consigo precisar, a altura em que estou a ovular.
De seguida, tentámos duas inseminações artificiais que também não resultaram comigo. Neste tratamento de menor complexidade em relação ao que se segue, a fecundação do óvulo acontece dentro do corpo da Mulher após a introdução na cavidade uterina dos espermatozoides do parceiro. Por norma, este utiliza-se quando se quer ultrapassar o canal vaginal, podendo neste haver alguma patologia que dificulte a gravidez, por vezes as tão comuns infeções vaginais que quando são recorrentes podem ser um problema, entre outras. As chances de gravidez da inseminação artificial são semelhantes às da gravidez normal de um casal.
Uma vez que os tratamentos anteriores não resultaram, resolveram orientar-me para a FIV (fertilização in vitro) que é o método mais eficaz na maioria dos casos. Seria a decisão mais sensata para não perdermos mais tempo.
Passo a aprofundar este tipo de tratamento (FIV) porque foi o que resultou comigo e por ser um processo complexo a nível físico e mental. Faço ainda a ressalva de que fui submetida a dois ciclos de FIV e só à segunda fomos bem sucedidos.
Na FIV, a Mulher começa por administrar medicamentos indutores da ovulação, por via injetável (dadas pela própria paciente em sua barriga). São estes que vão estimular os ovários a produzirem mais óvulos que o habitual para aumentar a chance de gravidez. As injeções não são completamente indolores e propriamente agradáveis de se tomar, e há quem não as consiga dar a si própria, necessitando de recorrer a ajuda.
Os efeitos secundários da medicação também são desagradáveis, nomeadamente desconforto e inchaço abdominal, dor nos ovários e náuseas frequentes, pela forte estimulação a que são submetidos, no fundo, “estamos a obrigá-los” a trabalhar e a produzir mais óvulos do que o normal. Mas acabamos por nos conformar, sendo o grande desejo de alcançarmos o nosso objetivo, a maior motivação. Há também o grande risco e quem desenvolva, o Síndroma de Hiperestimulação Ovariana, complicação muito grave e que pode levar à morte. Casos comuns, mas esta consequência extrema é rara, felizmente. Outro risco e de menor incidência é o cancro dos ovários a médio/longo prazo, porque apesar de ser um cancro raro, as Mulheres submetidas a este tipo de tratamentos, desenvolvem uma maior propensão para o mesmo.
Após a indução da ovulação, o desenvolvimento dos óvulos é controlado através da realização periódica de ecografias e análises ao sangue (para determinar os níveis de algumas hormonas e amadurecimento dos óvulos), o que implica muitas deslocações ao hospital para quem não é de perto que era o meu caso, mas este era um mal menor. Quando o médico verifica que os folículos já estão suficientemente desenvolvidos e contêm no seu interior um óvulo maduro, é administrada uma injeção de outra hormona (gonadotropina coriónica humana – hCG, cujo nome comercial é Pregnyl ou Ovitrelle), cuja função é provocar a libertação dos óvulos a partir dos ovários.
Depois segue-se a punção (operação de recolha dos óvulos a partir dos ovários) e aqui o tempo é fulcral, deverá ser realizada 35 a 36 horas após a administração da hCG. A punção é feita com controlo ecográfico e consiste na introdução na vagina de uma agulha muito fina, que irá permitir a recolha de óvulos a partir de cada um dos ovários. É uma intervenção realizada em bloco cirúrgico e sob sedação (anestesia geral), e dura cerca de 15/30 minutos. No momento da punção não se sente nada porque estamos sob anestesia, mas a seguir ao procedimento e após a anestesia deixar de fazer efeito, sentem-se dores e desconforto abdominal. Quantos mais óvulos forem retirados, a mais picadas os ovários foram sujeitos e mais doloroso se torna para a Mulher. Eu produzi 11 óvulos, o que foi muito bom, segundo os médicos. A explicação que me deram é que segundo os estudos, as pacientes com menos de 38 anos e submetidas à fertilização in vitro, possuem taxas de sucesso com apenas de 3 a 6 óvulos e eu estava ainda nessa faixa etária, e tinha um número de óvulos superior. No entanto, apesar das estatísticas estarem a meu favor, falamos de uma média estatística, há muitos casos de insucesso, e o processo era complexo e ainda não estava perto de terminar. Os médicos estavam otimistas no meu caso, pois afirmavam que os meus óvulos eram muito “bonitinhos” (expressão habitualmente usada quando os óvulos são de boa qualidade) e que o meu útero parecia o “atlas” (o médico que atribuiu essa designação explicou que era a expressão que usava quando observava um útero com morfologia normal e saudável).
A pós-cirurgia (punção) foi difícil, tive muitas dores nos ovários e nem os analgésicos ajudaram muito a aliviá-las. Colocam-nos compressas geladas na zona dos ovários pois estes ficam inchados e muito sensibilizados após a intervenção.
No mesmo dia da punção, é pedido ao homem que recolha esperma, para que este possa ser utilizado no procedimento (embora também seja possível a utilização de esperma previamente congelado). Depois de obtido, o esperma é centrifugado a alta velocidade e sujeito a uma série de processos de tratamento, de modo a selecionar os espermatozoides mais fortes e com melhor capacidade de fecundação.
Após a punção, os óvulos são transferidos para meios de cultura no laboratório, sendo posteriormente postos em contacto com os espermatozoides para que ocorra a fertilização, com formação de embriões.
Uma vez obtidos, os embriões (2 no máximo e com consentimento prévio) são transferidos para o útero da Mulher, para que se implantem e deem origem a uma gravidez.
Habitualmente os embriões são transferidos entre 2 a 3 dias após a fecundação. Nos casos em que existem vários embriões de boa qualidade, a transferência poderá ser feita ao quinto dia. Foi o nosso caso, a transferência deu-se ao quinto dia. Esta foi uma semana de muita ansiedade porque até atingir o dia mais favorável para a transferência, tive que ligar todos os dias para o laboratório para saber da evolução dos mesmos, se estavam a evoluir bem e se houve algum que não vingou. Sentimos uma angústia enorme a cada dia que passa, a cada telefonema, e torcemos para ouvir do outro lado que está tudo bem, mas é normal alguns ficarem pelo caminho. De 11 que consegui formar, 3 não vingaram. Consegui 8 embriões de qualidade. Os embriões excedentários, que não seriam utilizados no tratamento e apresentassem condições de viabilidade, seriam congelados e utilizados num ciclo a realizar posteriormente (caso a primeira tentativa falhasse ou se necessário para conceber um segundo filho (estou a sorrir e vocês imaginam porquê) ou para doação a outras Mulheres ou para investigação científica (estaria disposta a doar para ajudar outras Mulheres/casais a realizarem o mesmo sonho, sem hesitar)).
Foi marcado o dia da transferência.
A transferência embrionária não requer anestesia e é realizada quando a Mulher está de bexiga cheia, para que o líquido melhore a visualização da ecografia. É um procedimento indolor, mas causa algum desconforto.
Os embriões são transferidos com o auxílio de um cateter fino introduzido pela vagina e que vai até a cavidade uterina. A duração aproximada desta fase da transferência embrionária é de sensivelmente 15 minutos, com a preparação e com o repouso que temos que fazer no fim que é de mais ou menos 20 minutos, deve levar ao todo uns 45 minutos.
Saí do bloco cirúrgico com a sensação de que não tinha corrido bem porque vi na cara do médico, a expressão de desilusão em relação ao procedimento (pode ter sido falta de precisão e/ou algum descuido por parte deste, ficarei sem saber), pois no fim era suposto conseguirmos ver os embriões no meu útero (através do monitor do equipamento ecográfico) e isso não aconteceu. Fui para casa fazer repouso absoluto por recomendação médica (não é fácil estarmos numa cama ou sofá uma semana, sem poder levantar, a não ser para ir ao wc, quando nos sentimos com saúde), e após 14 dias sensivelmente, teríamos que voltar ao serviço para fazer o teste de gravidez, se não houvessem notícias antes.
A minha intuição estava correta, não cheguei ao dia para fazer o teste, pois o período apareceu antes. Fiquei muito desanimada pois este é um processo longo, complexo, doloroso, cansativo e dispendioso. Devido ao desgaste físico e psicológico que nos provoca, decidi com a concordância do meu marido, que se não resultasse na próxima transferência com os embriões congelados, não me submeteria a tudo de novo uma terceira vez (já teria sido submetida a uma inseminação, a esta transferência de embriões (FIV) e ao tratamento pela via medicamentosa oral). Foi um desabafo de quem tinha acabado de passar por um doloroso e sofrido processo, e uma grande desilusão. Eu não estava com vontade de passar por tudo de novo, mas no fundo, ainda não estava preparada para desistir. No entanto, uma certeza eu tinha, precisava de fazer uma pausa.
Como os embriões são descongelados aos pares, se tudo corresse bem e sobrevivessem à descongelação, eu teria mais três hipóteses (2+2+1), pensei eu. Mais tarde vim a saber que o +1 não podia ser utilizado porque no protocolo que estava a seguir, só transferem aos pares, ou seja, resumia-se a mais duas hipóteses apenas. Ressalvo que a transferência de 2 embriões foi com o meu consentimento e do meu marido, pois segundo os médicos, aumentaria a chance de engravidar e a probabilidade de vingarem 2 era baixa (estou a sorrir de novo).
Os médicos incentivaram-me a continuar, alegando que há mais taxas de insucesso com embriões frescos do que com congelados, ao contrário do que eu pensava, e explicaram que se deve ao facto de, na altura que transferem os frescos (embriões que não são submetidos ao processo de congelação), o útero estar ainda muito frágil e sensível devido à indução de ovulação/medicação à base de hormonas a que foi sujeito. Quando se trata da transferência de embriões congelados, o útero está mais forte, pois não só há um período de descanso, como se faz medicação para prepará-lo para uma gestação, ou seja, torna-o mais resistente. Sendo assim, as taxas de sucesso aumentam nestas condições. Outro fator a considerar é que os embriões que sobrevivem a uma descongelação, por norma, são os mais viáveis e fortes. Decidimos então avançar logo que possível para mais uma tentativa.
Apesar dos incentivos, e de não ter que estar sujeita a nova estimulação ovárica desta vez, ainda tinha que passar pela ânsia do processo de descongelamento dos embriões, que muitos, acabam por não resistir. No primeiro par, como 1 não resistiu e o protocolo era transferir pares, tivemos que tentar o segundo par. Felizmente no segundo par vingaram os 2 e foi feita a transferência. Desta vez fiquei muito otimista porque a Dr.ª Helena Lopes, médica responsável pela transferência, ficou contente e otimista com o procedimento, mostrou-me no monitor do equipamento ecográfico os embriões e insinuou que ia correr bem! A indicação a partir dali era repouso absoluto de uma semana como da primeira vez e realizar o teste de gravidez, passados 14 dias.
Finalmente conseguimos!
A minha irmã perguntou-me se ia esperar os 14 dias para saber se estava grávida, porque os estudos apontam que a análise de sangue é sensível o suficiente para detetar a hormona da gravidez, após 6-9 dias da fecundação. E eu, apesar de ser uma pessoa ansiosa, talvez pelo receio de ter uma má notícia (mas ao mesmo tempo estava otimista), decidi que já que esperei tantos anos e passei pelo que passei, ia fazer tudo direitinho e aguardar pelos 14 dias, como recomendaram, até porque assim, qualquer que fosse o resultado, não havia margem para dúvidas. Afinal o que eram 14 dias para quem já aguardava há 6 anos pela boa nova? Esperei pelos 14 dias que pareceram uma eternidade, fui fazer a análise de sangue numa sexta feira e disseram-me que o resultado sairia até segunda feira. Como a Avelab (laboratório de análises) costuma ser rápida no envio de resultados, eu estava com esperança que saísse no próprio dia e estive a tarde toda a espreitar o meu e-mail (receção via e-mail). Cada vez que entrava no e-mail (não conseguia mantê-lo aberto como habitualmente), o meu coração disparava. Até que uma das inúmeras vezes que abri, lá estava o resultado da análise. Eu olhei de imediato para os valores de referência e estes eram os seguintes: “mulheres não grávidas ou com menos de 3 semanas de gravidez: menor que 5 mIU/ml; 3 semanas de gravidez*: entre 5 e 50 mIU/ml; 4 semanas de gravidez: entre 5 e 426 mIU/ml; 5 semanas de gravidez: entre 18 e 7.340 mIU/ml” e por aí fora. O meu valor de hcg era de 3.519,2 m UI/ml, ou seja, estaria inserida no intervalo de referência equivalente a 5 semanas de gravidez, o que não era possível, pois eu estaria com sensivelmente 3 semanas*, ou seja, no máximo deveria acusar 50 mIU/ml. Quando informei a minha médica do resultado e valor, por ser muito alto para o tempo de gravidez, suspeitou e alertou-me que podiam ser gémeos, mas a alegria era tão grande de ter conseguido finalmente engravidar, que no momento, confesso que nem refleti muito sobre essa hipótese.
Querem saber qual foi o meu sentimento? Muita, muita felicidade e euforia! Apetecia-me gritar para o mundo: “ESTOU GRÁVIDA, CONSEGUI!”, mas fiz um esforço enorme para me conter e parecer “normal”, pois estava no meu local de trabalho e não queria que ninguém tomasse conhecimento, era muito cedo. Mas o sorriso “tolo” eu não conseguia controlar! Saí porta fora e liguei ao meu marido, ele não atendeu e eu mais ansiosa fiquei. Só atendeu à terceira tentativa e como ele também estava a aguardar notícias minhas, perguntou a medo, e eu dei um “grito” num tom que só ele ouvisse, dizendo-lhe: “finalmente conseguimos! Estou grávida!” Ele ficou em silêncio algum tempo (da emoção), e apesar de ter mantido discrição porque também ele estava no seu local de trabalho, percebi no tom da sua voz que estava felicíssimo, finalmente tínhamos conseguido alcançar o nosso sonho! De seguida liguei para os meus pais e à minha irmã. Por fim, comuniquei à médica que me acompanhou no Serviço de Reprodução em Coimbra, Dr.ª Ana Peixoto, de quem só tenho bem a dizer e a toda a equipa, de uma forma geral.
Eu nem queria acreditar e não cabia em mim de tanta felicidade! Tive receio de ver o resultado, mas algo em mim, instinto ou não, estava muito otimista (e não era a minha veia otimista a falar, era algo mais forte). Também já tinha sentido uns ligeiros enjoos (estes foram-se agravando e infelizmente acompanharam-me a gravidez toda), mas não me baseei nesse fator porque podia ser um sintoma psicossomático, do grande desejo que tinha que fosse verdade. Realço que este processo, entre exames e tratamentos, levou uns 3 longos e sofridos anos. Há Mulheres/casais cujo processo é bem mais longo, e ainda assim tenham o mais triste desfecho, infelizmente, mas também há muitos casos de sucesso. Por mais que tenhamos pensamentos negativos e vontade de desistir por vezes, as Mulheres que estão nesta luta, dificilmente perdem a esperança e desistem. Temos uma força interior incrível! Hoje posso falar por experiência própria, e é com esta frase de incentivo a todas as Mulheres e respetivos companheiros que se encontram neste momento num processo semelhante que termino este artigo: nunca percam a esperança porque é possível na maioria dos casos, acredito que tudo acontece no momento que tiver que acontecer, por isso acalmem o vosso coração e confiem na ciência e na vida. Eu sou um bom exemplo! ❤ ❤

