
Acho importante incentivar a prática de doar aos meus filhos desde a infância para começarem a interiorizar o seu significado e a valorizá-lo.
Escolhi a época do Natal (data simbólica, mas de grande impacto para as crianças) para perceberem que para além de recebermos e darmos presentes, é importante a partilha, a solidariedade, lembrar dos mais desfavorecidos.
Já tenho doado vestuário, calçado e outros artigos. Ultimamente faço-o a uma instituição que para além de outras causas, também ajuda famílias carenciadas (Florinhas do Vouga), por intermédio de duas amigas voluntárias que admiro pela sua entrega e dedicação a estas missões de caridade. Bem hajam Teresinha e Clarinha!
Esta é uma forma de ajudar os outros, faz-me sentir bem, e fá-lo-ei sempre que puder.
Também a mim me foi dada/emprestada roupa usada e em bom estado, e alguns artigos de puericultura, por amigos e familiares quando os meus filhos nasceram. Serviu de grande ajuda e ficarei sempre grata porque a despesa que estes seres pequeninos trazem é muita, mais ainda quando vêm em dobro (sorriso).
Para mim a doação é importante pelo ato de solidariedade, ajudar o próximo, mas também para evitar o acúmulo de “coisas” que já não têm utilidade e interesse nas nossas casas.
Para a estimulação e incentivo desta prática aos meus filhos, nada melhor do que fazê-lo com os brinquedos de que já não têm interesse, por já não se adequarem à sua idade ou simplesmente porque já perderam o interesse (apesar de haver fases em que perdem interesse por determinados brinquedos e mais tarde voltam a interessar-se por eles). Juntei aos brinquedos algumas peças de roupa e calçado que também já não serviam aos meus filhos.

Acredito que esta prática contribui favoravelmente no desenvolvimento emocional e humanitário das crianças, e claro, para a alegria das pessoas, no caso específico dos brinquedos, das crianças que vão recebê-los.
Porém, dar aquele brinquedo que já ficou esquecido, mas que são apegados porque brincaram muito e tinham um gosto especial, não é uma tarefa fácil para algumas crianças. Senti isso com alguns brinquedos. Ajuda muito, uma boa conversa em que esclarecemos a importância deste feito.
Expliquei aos meus filhos que as crianças que têm pouco ou nada para brincar ficariam muito felizes e agradecidas se partilhassem os brinquedos que já não brincam ou brincam pouco.
Também acho importante incluir as crianças que doam no processo. Por exemplo, dei a liberdade aos meus filhos de escolherem os brinquedos a doar, apesar de eu ir dando sugestões.
É importante respeitar a sua opinião e dar-lhes autonomia, e apesar das minhas orientações, a decisão final foi deles. Inclusive, chegaram a surpreender-me quando os vi a voltar atrás para ir buscar um brinquedo a que eram apegados e não queriam dar inicialmente. Fico feliz porque este gesto significa que entenderam a importância e o significado desta ação.
Acho que estimular a doação à criança é uma lição de vida (para a vida)! ❤
Incentivar a solidariedade por meio do ato de doar vai ajudar a criança a colocar-se no lugar do outro, o que é muito bom para o desenvolvimento infantil. Aprender a dividir é fundamental para a construção de valores essenciais para a vida em sociedade, como amizade, empatia, solidariedade e respeito pelos menos favorecidos.
Além disso, estou convicta de que fazer algo de bom pelo próximo contribui para elevar a autoestima da criança porque se vai sentir importante ao ajudar quem precisa. Também desincentiva o excesso de consumismo e torna-a mais desapegada aos bem materiais.
Mais uma maneira de incluir os meus filhos neste processo foi incentivá-los a entregar pessoalmente os brinquedos. E eles fizeram-no com muita alegria, dedicação e responsabilidade. Fiquei de coração cheio e muito orgulhosa dos meus pequenos! ❤❤
A sensação que tive no fim foi a de missão cumprida! ❤

Desta vez, e pelos objetos a doar, quis escolher uma instituição que estivesse inteiramente ligada a crianças desfavorecidas.
Pedi ajuda a uma das minhas amigas voluntárias da instituição Florinhas do Vouga que ao falar-me do “Centro de Acolhimento de Esgueira” e o seu papel na sociedade, não hesitei em elegê-lo. Não só pelo seu nobre e importante papel na sociedade, mas porque achei importante dar a conhecer um pouco desta realidade aos meus filhos, mas confesso que não foi fácil…Houve partes que tive dificuldade em transmitir e outras que simplesmente não consegui (por exemplo falar das crianças que estão na instituição por serem órfãs ou vítimas de maus tratos…). O mais importante que quis transmitir, e penso que consegui com êxito, foi o facto daquelas crianças estarem a receber apoio daquela instituição, e terem poucos brinquedos para brincar e roupas para vestir. Ao doarmos roupa e brinquedos elas iriam ficar bem mais felizes.
Aproveito para informar que esta instituição faz o acolhimento transitório de crianças em situação de perigo, proporcionando-lhes um ambiente, tanto quanto possível, idêntico ao meio familiar.

Este ato de amor, não foi só ao próximo, mas também a nós mesmos.
A alegria que fica em nossos corações por alegrarmos outros corações, e entre mim e os meus filhos foi mais uma prova de amor.
Eu por amor aos meus filhos tive como objetivo passar-lhes valores como a empatia, solidariedade e humanidade, e os meus filhos por amor à mãe abraçaram de forma confiante, alegre e responsável o desafio proposto. ❤
